14/06/2013 - Valor Econômico
O governo federal prepara uma reformulação
dos órgãos responsáveis pelas obras públicas em rodovias, ferrovias e
hidrovias. A reforma vai mexer com o Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (Dnit) e dar novas atribuições à estatal de ferrovias Valec, além
de transformar a semiabandonada Companhia Docas do Maranhão (Codomar) em braço
executor das hidrovias.
Para funcionários do governo que trabalham
na reestruturação do Ministério dos Transportes, as mudanças são necessárias
para modernizar principalmente o Dnit, deixando o departamento menos
sobrecarregado e abrindo caminho para sua execução orçamentária finalmente deslanchar.
A autarquia passará a cuidar exclusivamente de intervenções nas estradas
federais, alterando sua nomenclatura para Departamento de Infraestrutura
Rodoviária.
Atualmente, o Dnit tem um programa de
aproximadamente R$ 3 bilhões em intervenções de médio porte em ferrovias. São
variantes e contornos ferroviários em municípios como Araraquara, em São Paulo,
Camaçari, na Bahia, e Joinville, em Santa Catarina, além de pátios de manobras
para trens. Geralmente, são obras que buscam aumentar a eficiência de ferrovias
existentes e já concedidas à iniciativa privada nos anos 90 - por exemplo,
evitando cruzamentos entre trilhos e avenidas ou rodovias. Pelos contratos de
concessão, essas intervenções ficaram a cargo do poder público.
Tudo isso sairá do Dnit e passará às mãos
da Valec, que já vive um processo de redefinição de suas funções. A estatal,
assim chamada por ter sido um braço da Companhia Vale do Rio Doce antes da
privatização da mineradora, provavelmente mudará de nome: o mais cotado é
Empresa Ferroviária Nacional (EFN).
Além das obras a serem herdadas do Dnit, a
nova empresa ficará responsável pela conclusão da Ferrovia Norte-Sul e da
Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), mas ganhará progressivamente um
perfil de gestora do transporte de cargas.
Com o programa de concessões anunciado no
ano passado pela presidente Dilma Rousseff, a "nova" Valec comprará
toda a capacidade de transporte das novas linhas que serão construídas ou
modernizadas pelo setor privado, revendendo-a em seguida por meio de ofertas
públicas ao mercado. Para afastar a percepção de risco dos investidores, a
empresa poderá receber uma capitalização de R$ 15 bilhões, autorizada pela
Medida Provisória 618.
Já as obras federais em hidrovias, como a
construção de eclusas e derrocamentos nos corredores fluviais, migrarão para a
Companhia Docas do Maranhão, a Codomar. Desde a estadualização do porto de
Itaqui, no Maranhão, ela ficou praticamente sem funções. Por estar sem
atividades, foi a única das Companhias Docas mantida no âmbito do Ministério
dos Transportes, após a criação da Secretaria de Portos, em 2007. No ano
passado, a Codomar teve uma execução orçamentária de menos de R$ 32 mil, o que
ilustra a situação de letargia em que se encontra.
A Codomar pode ser o embrião da Empresa Brasileira
de Hidrovias (EBH), mas sua constituição ainda não teve o martelo batido. Isso
ainda depende do volume de obras que o governo assumirá no segmento.
Trabalha-se no projeto da primeira concessão de uma hidrovia no país, a do rio
Tocantins, entre Palmas e Belém. Não está descartada a transferência à
iniciativa privada de atividades como a manutenção de leitos fluviais e
derrocamentos (remoção de rochas nos rios).
A reestruturação no Ministério dos
Transportes começou a ser desenhada pelo ex-ministro Paulo Passos, que deixou o
cargo em abril, mas seu desenho foi mantido e aprofundado pelo novo titular da
pasta, César Borges. Desde que assumiu, o novo ministro abriu mão de indicar
assessores de confiança para a cúpula do ministério, incluindo o Dnit e a Valec.
A única mudança ocorreu na Secretaria de Política Nacional de Transportes, que era ocupada desde 2007 pelo engenheiro Marcelo Perrupato, um técnico respeitado no setor. Perrupato pediu demissão e passou a atuar como consultor. A secretaria está sendo desidratada e sua principal função, que era de planejamento, é hoje exercida principalmente pela estatal liderada pelo economista Bernardo Figueiredo, a Empresa de Planejamento e Logística (EPL).
A única mudança ocorreu na Secretaria de Política Nacional de Transportes, que era ocupada desde 2007 pelo engenheiro Marcelo Perrupato, um técnico respeitado no setor. Perrupato pediu demissão e passou a atuar como consultor. A secretaria está sendo desidratada e sua principal função, que era de planejamento, é hoje exercida principalmente pela estatal liderada pelo economista Bernardo Figueiredo, a Empresa de Planejamento e Logística (EPL).
Nenhum comentário:
Postar um comentário