sábado, 16 de junho de 2012

Bancos anunciam incentivos a transporte sustentável

14/06/2012 - Folha de S.Paulo
Oito bancos de fomento internacionais anunciarão na semana que vem compromisso de privilégio a incentivos de transporte público sustentável. A iniciativa visa evitar empréstimos excessivos a construção de estradas ou sistema de mobilidade com alta emissão de carbono.
A informação foi dada nesta quinta feira (14) pelo consultor do banco CAF (Corporação Andina de Fomento), Jorge Kogan, durante evento paralelo da Rio+20, no Riocentro. Segundo ele, até o fim do ano serão estabelecidas metas para a participação dos "transportes verdes" nas carteiras dos bancos multilaterais.
"Haverá um compromisso de aprofundar essa mudança que alguns bancos já vêm fazendo ao longo do tempo. A maior parte dos investimentos financiados será em transporte sustentável.
No fim de 2012, vamos desenvolver os indicadores que nos permita medir (esse investimento). Não basta fixar um objetivo sem saber o que vai se medir", disse Kogan.
Fazem parte do grupo, além da CAF, o Banco Mundial, Bird, Banco Asiático de Desenvolvimento, Banco Africano de Desenvolvimento, Banco Islâmico de Desenvolvimento, Banco Europeu de Reconstrução e Fomento, o Banco Europeu de Investimento.
Kogan disse em sua apresentação que a CAF, que atua na América Latina, pretende financiar US$ 150 bilhões em projetos de transportes. Segundo o consultor, porém, a demanda de investimentos na região nos próximo dez anos chega a US$ 700 bilhões. Na Ásia, o valor alcança US$ 2,5 trilhões no mesmo período.
Na análise do diretor do ITDP (sigla em inglês para Instituto de Políticas para Transporte e Desenvolvimento), Michael Replogle, o investimento em transporte sustentável tem crescido nos últimos quatro anos. Mas ainda não recebe a mesma atenção do que os gastos tradicionais, como ampliação e construção de novas rodovias.
"Nos últimos anos temos vistos grandes investimentos no setor de transporte, mas os investimentos sustentáveis nem sempre são o objetivo principal. Se investe em mais estradas", disse ele.
Replogle usou como exemplo a carteira de investimentos do Banco Asiático de Desenvolvimento que, segundo ele, em 2009 usou 75% do gasto em transporte para construção de estradas.
A previsão, afirmou o especialista, é que em 2020 essa proporção caia para 40%, ampliando os empréstimos para transportes aquaviário, ferroviário e corredores expressos de ônibus -os chamados BRTs.
Kogan disse, porém, que o compromisso a ser firmado pelos bancos de fomento não acaba com o investimentos em estradas nacionais. Segundo ele, em muitos casos elas são as únicas meios de transportes disponíveis no meio rural ou comunidades isoladas.
"É a única forma de dar acesso a essas populações", disse Kogan.
O consultor da CAF disse ainda que além dos recursos, a falta de capacitação técnica em cidades de países em desenvolvimento prejudica o planejamento para o transporte sustentável.
"Muitas vezes há recursos para financiamento, mas os projetos não estão lá. Isso porque alguns países não estão preparados tecnicamente para tomar as melhores decisões", disse Kogan que elogiou os técnicos de São Paulo.
O diretor para Desenvolvimento Sustentável da UIC (sigla em inglês para União Internacional das Ferrovias), Alexander Veitch, criticou o Banco Mundial por destinar apenas 12% dos financiamentos para a construção de transporte sobre trilhos. Kogan, porém, questionou o dado porque o banco só apoia obras públicas, e muitas ferrovias são privadas.
Replogle, por sua vez, disse que a conta não considera investimento com BRTs, que são mais baratos, rápidos de construir e uma alternativa para países em desenvolvimento que têm escassez de recursos.

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