As cidades de Belo Horizonte, Contagem e
Betim, ambas na região metropolitana, podem ser ligadas por um monotrilho,
sistema de transporte elevado sobre trilhos. A ideia teria partido de uma
grande construtora, que realizou um estudo sobre a obra e demonstrou interesse
em colocá-la em prática por meio de uma parceria público-privada (PPP). A
possibilidade deve ser discutida na próxima semana entre os prefeitos
recém-eleitos dos três municípios. Em favor dela estão as obras de custo mais
baixo e de mais rápida execução que as do metrô. Contra, está a capacidade
menor de passageiros.
O monotrilho é apontado pelo projeto como a
solução de transporte de massa intermunicipal. Os trilhos suspensos seguiriam
às margens da Via Expressa - o fluxo normal na via é de 42 mil veículos por
dia. A avenida Amazonas também é cogitada. Como não seriam necessárias
desapropriações de moradores, já que o transporte fica a cerca de 15 m do chão,
a alternativa teria implementação mais barata e mais rápida que o metrô. Já a
velocidade dos dois tipos de transportes é semelhante e pode chegar a 80 km/h.
O tempo médio de construção do monotrilho é
de 4 km por ano - enquanto o do metrô é de 1 km por ano. Considerando a
distância de cerca de 30 km entre Betim e a capital mineira, o prazo para a
finalização da obra é estimado em cerca de sete anos. Com o processo de
licitação, o tempo de viabilização do monotrilho antes do início das
intervenções é de cerca de um ano, segundo especialistas.
O consultor em transportes que realizou o
estudo, Luiz Otávio Silva Portela, é membro da Sociedade Mineira de Engenharia.
De acordo com ele, a obra do monotrilho é mais rápida e mais barata porque não
depende de perfurações no subsolo. "São feitas vigas de sustentação para os
trilhos por cima da avenida, sem interferir no trânsito da pista. Trabalhar no
subsolo é mais demorado porque não se sabe o que vai encontrar e depende de
equipamentos específicos", explicou.
O custo de construção de um monotrilho gira
em torno de R$ 70 milhões por km, enquanto para o metrô a quilometragem pode
ultrapassar R$ 250 milhões. "O custo é inviável para as prefeituras",
acrescentou.
O monotrilho tem capacidade para 150
pessoas em cada vagão, suportando até sete vagões.
Capacidade. O engenheiro e especialista em
trânsito Silvestre de Andrade vê o monotrilho como uma solução com bom
custo-benefício, mas alerta para a capacidade de transporte de passageiros,
menor que a do metrô. "Toda alternativa para resolver o problema do
transporte é sempre bem-vinda. O monotrilho é realmente mais barato e de
construção mais rápida, mas o metrô é sempre a melhor alternativa para o
transporte de massa por causa de sua capacidade de passageiros", afirmou o
especialista.
Reeleito na capital, Marcio Lacerda não
quis se pronunciar. Os prefeitos recém-eleitos em Betim, Carlaile Pedrosa
(PSDB), e em Contagem, Carlin Moura (PCdoB), não confirmaram a reunião, mas
aprovaram a ideia. "É um projeto ousado que contempla perfeitamente nossa
cidade", disse Carlaile. "Precisamos resolver de forma rápida o
problema do transporte de massa nesse corredor", afirmou Carlin.
Viável ainda em outros trechos
A implantação do monotrilho também vem
sendo avaliada em outros trechos da capital mineira, como é o caso do Vetor Sul
da cidade. Empresários defendem ele como a solução para o problema do trânsito
principalmente na avenida Nossa Senhora do Carmo, por onde passam mais de 60
mil veículos por dia.
A ligação entre a região da Pampulha e o
aeroporto de Confins, na região metropolitana, também é cogitada. Segundo o
engenheiro Luiz Otávio Portela, o transporte sobre trilhos é viável nos dois
trechos. "A capital precisa de um transporte de massa que não ocupe espaço
na via. O metrô é ótimo, mas é caro e trabalhoso".
Em uma audiência pública na Câmara
Municipal, no último dia 25, o assessor de assuntos metropolitanos e metrô da
BHTrans, Tomás Ahouagi mostra sua visão tacanha em relação ao assunto quando disse que o monotrilho seria a última opção de
transporte. A autarquia estaria focando apenas no BRT (Transporte Rápido por
Ônibus) e no metrô. (JS)
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