Paris – Os trens
de passageiros em Minas Gerais começam finalmente a sair do papel. O governo do
estado assina, na segunda-feira, um acordo de cooperação técnica com a Agência
Francesa de Desenvolvimento (AFD) e a Região Nord-Pas de Calais, no Norte da
França, para coordenação e elaboração da estratégia de mobilidade urbana no
território mineiro. O metrô, por meio da Metrominas, a retomada das linhas
férreas e a ligação do Centro de Belo Horizonte ao Aeroporto Internacional
Tancredo Neves, em Confins, na região metropolitana, estão no centro dos
debates. As ações estão previstas para começarem no início de março do ano que
vem e vão até meados de 2014.
De acordo
com o chefe de projetos da AFD, Jérémie Daussin-Charpantier, entre as
prioridades estão os 14 quilômetros de linha suplementar do metrô de BH e o
transporte ao longo dos cerca de 40 quilômetros da capital até Confins. Para
esse segundo ponto, o que estava previsto inicialmente, como mostrou o Estado
de Minas em julho, era a construção de um ramal ferroviário, mas o governo de
Minas, por meio da assessoria de imprensa, disse que a opção está praticamente
descartada. O que se avalia agora é a implantação de monotrilho ou veículo leve
sobre trilhos (VLT).
O projeto
Transporte sobre Trilho Regional e Metropolitano (TTrem) prevê a
reativação de ferrovias já existentes. São três linhas que inicialmente serão
concedidas à iniciativa privada, nos moldes de parcerias-público privadas (PPP).
A primeira liga Divinópolis, Betim, BH e Sete Lagoas. A outra faz o caminho
entre BH, Brumadinho, Águas Claras e Eldorado (Contagem). A terceira vai
conectar a capital a Nova Lima, Conselheiro Lafaiete e Ouro Preto.
Os três
lotes que serão abertos à concorrência atendem um terço da população da Grande BH
e 26 cidades, além de municípios que estão em processo de desenvolvimento,
como Sete Lagoas e Divinópolis. “Minas Gerais começou também estudos para a
renovação das linhas férreas, que servem basicamente aos trens de carga. A
reflexão é compartilhá-las com o transporte de passageiros”, disse
Daussin-Charpantier.
O
diretor-geral da Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo
Horizonte, vinculada à Secretaria de Estado Extraordinária de Gestão Metropolitana,
Camilo Fraga, diz que a experiência ferroviária francesa servirá de base para
todos os trabalhos. Ele acrescentou que um futuro empréstimo com a AFD não está
descartado. “Esse know-how vai ajudar muito neste momento da modelagem do
processo, com uma análise crítica construída em favor do projeto. Teremos isso
com recursos da própria AFD e usando empresas públicas francesas”,
afirmou.
A
expectativa é de que a licitação seja aberta em julho do ano que vem e os trens
entrem em operação até o fim do primeiro semestre de 2014. Uma das grandes apostas é a revitalização da Estação Doutor Lund, em
Pedro Leopoldo. Por ser a mais próxima do aeroporto, ela vai propiciar uma
ligação direta com o terminal, ao longo do processo de concessão. Uma das
possibilidades é criar uma linha de ônibus executivo do Centro de BH até a
estação.
CONVÊNIOS
A cooperação técnica com a Agência Francesa de Desenvolvimento prevê
convênios em outros quatro pontos estratégicos, além da mobilidade urbana. O
primeiro deles é o desenvolvimento econômico de uma plataforma aeroportuária e
logística, com intercâmbios na cidade no entorno de Toulouse, no
Sudoeste da França. O acordo abrange também a gestão de resíduos sólidos,
recuperação de zonas de mineração e um plano sobre clima e energia. Os tratados
fazem parte do Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG), que inclui
ainda um empréstimo de 300 milhões de euros para pagamento da dívida da
Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) com o governo federal. O
contrato de repasse do dinheiro também será assinado na segunda. Serão cinco
anos de carência e pagamento em 20 anos.
* A
repórter viajou a convite do governo francês
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