22/09/2014 - O Globo
A solução para o problema de mobilidade nas principais
metrópoles do país passa pela necessidade de investimentos públicos de R$ 229
bilhões, segundo estudo que está sendo feito pelo Banco Nacional do
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para tirar do papel corredores de
ônibus e linhas de trem e metrô, o Brasil teria que gastar 0,4% do Produto
Interno Bruto (PIB) ao longo de 12 anos — quase o dobro da média.
Desde 1989, o país destina cerca de 0,2% do PIB para
projetos de mobilidade, de acordo com dados do Ministério dos Transportes.
Atualmente, cerca de 7 milhões de brasileiros perdem mais de uma hora nos
deslocamentos diários entre casa e trabalho. Investimento, no entanto, não é
suficiente para resolver esse problema, apontam especialistas. Segundo eles, é
preciso que os projetos tenham qualidade e levem em conta o que a sociedade
espera do transporte.
— Aplicar 0,4% do PIB não vai necessariamente acabar com o
tráfego. Estudos internacionais mostram que bons projetos conseguem tirar 6%
dos carros da rua. As medidas devem ser bem pensadas — afirma o urbanista e
consultor de tráfego Flaminio Fichmann.
Pesquisa recente da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra
que 73% dos brasileiros estão “insatisfeitos” ou “muito insatisfeitos” com o
transporte. Para o pesquisador Amaro Silveira Grassi, é preciso ouvir o que
essas pessoas querem:
— Não adianta ter alto volume de recurso se ele for
investido de maneira que não atenda as expectativas e demandas da sociedade.
Maior cidade do Brasil, São Paulo tem apostado em soluções
que tem gerado polêmica, como a adoção de faixas exclusivas para ônibus e
ciclovias. Se, por um lado, essas medidas têm apoio de quase 80% da população,
segundo pesquisa do Ibope divulgada quinta-feira, elas têm sido alvo de
protestos de comerciantes e motoristas.
Só neste ano, o trânsito de automóveis foi proibido em
cerca de 357
quilômetros de vias, que viraram faixas para ônibus. A
medida aumentou a velocidade dos coletivos em 68,7%, segundo a prefeitura.
PUBLICIDADE
— É natural que haja uma resistência, mas nossa diretriz é priorizar o transporte público — diz o secretário municipal de Transporte, Jilmar Tatto.
Tatto foi trabalhar de bicicleta ontem, assim como o
prefeito Fernando Haddad (PT), que prometeu brigar pela desoneração das
bicicletas.
Até o fim de 2015, São Paulo deve ter 400 km de ciclovias, o que
vai acabar com 40 mil vagas de estacionamento. Moradores de alguns bairros já
prepararam abaixo-assinados contra a medida. Por outro lado, o número de pessoas
que usam bicicleta todos os dias subiu 50% no último ano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário