quarta-feira, 20 de maio de 2015

Negocio da China: Ferrovia ligando Atlântico ao Pacifico deu primeiro passo.



A presidenta Dilma Rousseff recebeu o primeiro-ministro da China, Li Keqiang, nesta terça-feira (19), no Palácio do Planalto. Os representantes de Brasil e China se reuniram para debater o aprofundamento da cooperação entre os países. Um dos tópicos mais relevantes do encontro foi o projeto da Ferrovia Transcontinental, que cruzará o território brasileiro e cortará o continente sul-americano, ligando o oceano Atlântico ao Pacífico.

“Convidamos as empresas chinesas a participarem dessa grande obra, que sairá de Campinorte, no Tocantins, lá na Ferrovia Norte-Sul, passará por Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso, atingirá o Acre e atravessará os Andes até chegar ao porto no Peru”, declarou a Dilma.
O traçado do projeto exacerbou as já tensas relações entre o Peru e a Bolívia, cujo presidente, Evo Morales, protestou ao saber que a estrada de ferro passaria por fora do território boliviano."Não sei se o Peru está jogando sujo", disse Morales em outubro. Segundo ele, a ferrovia seria "mais curta, mais barata" se passasse pela Bolívia.
No entanto, o presidente peruano Ollanta Humala descartou essa possibilidade em novembro, comentando sobre um acordo com a China para iniciar os estudos do projeto.
O trem vai passar "pelo norte do Peru, por razões de interesse nacional", disse Humala.
Dilma e Li Keqiang abordaram temas importantes para os dois países, como comércio, investimentos, finanças, agricultura, energia e transportes. Ao todo, foram 35 acordos firmados entre os países, com destaque a oferta de treinamento em tecnologia da informação aos bolsistas do programa Ciência Sem Fronteiras, além do financiamento de 14 navios de minério de ferro com capacidade para 400 mil toneladas.
Segundo a fala da presidenta ¨A infraestrutura será beneficiada por um projeto de grande alcance que vincula o Brasil com a Ásia e a América Latina. Trata-se de um projeto de construção de uma logística bastante desafiadora, a Ferrovia Transoceânica.
Nossa parceria avança também no campo da educação, da tecnologia e da inovação”, comentou a presidenta, que ainda ressaltou a importância da venda de aviões da Embraer. “A entrega do primeiro lote de 22 aeronaves, dentre as 60 vendidas pela Embraer, é um importante marco nessa direção”.

MEIO AMBIENTE.
Especialistas antecipam possíveis problemas com grupos indígenas e defensores do meio ambiente, dada a possibilidade de que o trem passe por áreas consideradas sensíveis.
"Uma estrada no meio da Amazônia para atender ao mercado chinês (...) seria uma ilusão acreditar que não vai haver impacto", critica Paulo Adario, diretor da Campanha Amazônia do Greenpeace.
Adario observou, contudo, que "a ferrovia tem menor impacto do que a rodovia para o escoamento da produção" e defendeu que sejam feitos estudos para medir o impacto socioambiental da obra.
Também há desafios de engenharia e custos para a construção de um trem que cruze a Cordilheira dos Andes e desemboque no Pacífico.
Castro Neves alertou que, se não houver planejamento adequado, o projeto pode terminar paralisado, como outras grandes promessas de investimentos na infraestrutura da região.

PARCERIA COM A REGIÃO.
A China é o principal parceiro comercial do Brasil desde 2009. No último ano, as trocas comerciais bilaterais chegaram a US$ 77,9 bilhões. O Brasil teve superávit de US$ 3,3 bilhões. Só em 2015, entre janeiro e abril, o comércio entre os países acumulou US$ 21,7 bilhões.
O projeto vai representar "um verdadeiro teste para a relação" entre Pequim e da região. Se conseguir construir um trem de alta velocidade que funcione e facilite o comércio com a América Latina, de modo inclusivo e sem prejudicar o meio ambiente, a China tem tudo para se tornar a nova 'queridinha' da América Latina.

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