27/10/2012 - G1 RO
Um dos empecilhos para recuperação da
Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM) em Porto Velho é a ocupação irregular
por residências ao longo dos trilhos da ferrovia, segundo Beto Bertagna,
superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan). A ferrovia está em processo de revitalização desde 2007.
Geraldo Godoy, representante da Associação
Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), explica que a revitalização da
ferrovia de Rondônia começou após um estudo de viabilidade técnica em 2007.
"Na época havia aproximadamente dois quilômetros de ocupação irregular no
leito da ferrovia. Foi feito o cadastramento de todas as pessoas e a Prefeitura
de Porto Velho deveria ter retirado as pessoas do local. Isso não aconteceu e
com a chegada das usinas, aumentou a população naquele local", explica
Geraldo.
Segundo Beto, a recuperação da praça da
Estrada de Ferro Madeira-Mamoré e dos galpões trouxe a sociedade porto-velhense
para um espaço que pertecente a ela mesma. "Antes da recuperação, a praça
era um ponto de usuários de drogas, hoje é local de famílias, de
crianças", frisa o superintendente do Iphan.
A revitalização da EFMM está a passos
lentos conforme relato de Beto. "É um processo demorado que requer
cuidado", afirma.
Os trabalhos estão sendo realizados na recuperação
da estrutura metálica que será a oficina das locomotivas e ainda uma outra
parte onde será o museu. No museu haverá peças grandes, como vagões não
restaurados, e peças pequenas que já estão sendo guardadas no museu
improvisado.
"Nestes 100 anos de EFMM me sinto
muito feliz com o progresso. É um avanço tudo o que já foi feito. Ela estará
toda pronta quando acabar o impasse com a Prefeitura de Porto Velho que sempre
diz que não há verba para indenizar as famílias. Mas o dinheiro deve vir das
comodities compensatórias das construções das usinas", afirma Beto.
As obras de recuperação da Madeira-Mamoré,
em Porto Velho, têm recursos da Santo Antônio Energia, por meio da
condicionante da licença de operação da usina hidrelétrica, em construção no
Rio Madeira.
O representante da ABPF, Geraldo Godoy,
destaca que a Madeira-Mamoré é a estrada de ferro mais conhecida em todo o
mundo. "Devido à sua história, a participação de diversas pessoas de
vários locais do mundo, os ataques indígenas, tudo isso chama a atenção do
mundo", garante Godoy.
O Iphan não prevê um prazo para finalizar a
revitalização da ferrovia. "Serão 8 quilômetros por onde haverá passeio em
trem turístico, mas não sabemos ainda quando será finalizado", finaliza
Beto.
A Prefeitura de Porto Velho não quis
comentar sobre o processo de desocupação às margens da ferrovia.
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