22/01/2013 - Valor Econômico
Enquanto estuda concessões federais de
aeroportos, rodovias e ferrovias, a CCR - especializada em infraestrutura -
iniciou estudos para entrar em projetos bilionários do setor no Estado de São
Paulo. Os planos da companhia, controlada por Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa
e Soares Penido, incluem rodovias estaduais e o ambicioso plano de ferrovias de
passageiros entre cidades. As estradas de ferro, que demandarão quase R$ 20
bilhões, ligam diferentes municípios, como São Paulo e Campinas, e são
acompanhadas de perto pelo poder público e por empresas do setor.
Os chamados "trens regionais"
percorrerão 430 quilômetros de trilhos, que serão construídos e operados por
meio de parceira público-privada (PPP). Do desembolso total, R$ 12,5 bilhões
virão da iniciativa privada e R$ 6 bilhões, do poder público. Também já
manifestou interesse no projeto a Estação da Luz Participações (EDLP), do
empresário Guilherme Quintella e o sócio BTG Pactual. O Estado ainda não
publicou o chamamento público para manifestações de interesse - o que deve
ocorrer ainda nesta semana.
Em entrevista ao Valor PRO, serviço de
informações em tempo real do Valor, o presidente da CCR, Renato Vale, disse que
a companhia também tem interesse em mais linhas do metrô paulistano. Em
especial, nas linhas 6 e 20, cujos editais estão às vésperas da publicação. A
empresa já controla a Linha 4-Amarela, que sofre com superlotação no horário do
rush. "Demanda em São Paulo não é um problema", afirmou.
Além dos projetos na capital paulista, a
companhia acompanha oportunidades de mobilidade urbana em Salvador e no Rio.
"Existe muita coisa em infraestrutura, o que, se acontecer, vai ocasionar
um desafio de demanda. Vai ter muito consumo de energia, cimento, aço, asfalto,
gente... Mas achamos que é por aí mesmo".
A CCR também já começou a se preparar para
os polpudos contratos de concessões federais. Entre eles, os aeroportos de
Galeão (RJ) e Confins (MG), que já tiveram concessão anunciada pela presidente
Dilma Rousseff e demandam investimentos totais de R$ 11,4 bilhões.
"Estudamos os dois", informou o executivo.
A companhia está em busca de uma nova
parceira internacional, pois a suíça Flughafen Zürich, que participou com a
brasileira na última rodada aeroportuária, não tem qualificação suficiente para
disputar o próximo leilão - de acordo com as exigências anunciadas pelo
governo, a operadora suíça não tem o número mínimo exigido de passageiros
movimentados ao ano, estabelecido em 35 milhões. Vale disse que não é permitido
que a CCR seja a única operadora do consórcio, mas que ela ainda pode integrar
a sociedade. "Estamos procurando [outros] parceiros, com conversas
avançadas", afirmou.
A companhia ainda dedica atenção às nove
licitações federais deste ano no setor rodoviário - com investimento total de
R$ 42 bilhões, sendo R$ 23,5 bilhões nos cinco primeiros anos de contrato. Os
estudos internos da CCR sobre os dois primeiros empreendimentos a serem
leiloados, as BRs 040 e 116, serão fechados na próxima semana. "Vamos
estudar todos. Por enquanto, estamos sozinhos, mas abertos a sociedades",
disse.
Apesar da quantidade de oportunidades, o
presidente afirmou que há capital disponível para os investimentos e que
aquisições não estão descartadas. "Em logística, estamos há três ou quatro
anos tentando identificar uma oportunidade clara nesse sentido. Ainda não
identificamos, mas infraestrutura é assim mesmo, um negócio a longo
prazo".
Se considerados apenas os negócios atuais,
o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla
em inglês) deve dobrar até 2016, para um número entre R$ 5,5 bilhões e R$ 6,5
bilhões. Os investimentos devem se manter acima de R$ 1 bilhão ao ano, levando
em conta desembolsos para a concessão viária Transolímpica, no Rio, e a compra
de 15 trens para a linha do metrô paulistano, controlada pela companhia.
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