segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O trem de Machu Picchu

Machu Picchu, cidade ao sul do Peru, comemorou no último dia 24 de julho o seu centenário de redescoberta. A cidade Inca foi abandonada com a extinção do povo Inca, durante o processo de colonização e, diferente de outros pontos, não foi explorada pelos espanhóis. Foi tomada pela selva e reapresentada ao mundo em 1911. 
VNews partiu de Ollantaytambo, distrito situado próximo à Cusco, para Machu Picchu em uma viagem de trem, que dura cerca de 1 hora e meia até a pequena cidade de Águas Calientes, vizinha à Machu Picchu.
 O trem que é um avião...
O trem que vai de Cusco até Águas Calientes é algo fora de série. Se você já andou em trens turísticos brasileiros, esqueça qualquer referência. Não há como se comparar. No caso da PeruRail, trata-se de uma empresa britânica que disponibiliza diferentes serviços para o turista. As tarifas giram em torno de US$ 30,00. 
Experimentei dois serviços oferecidos pela empresa. Na ida, o executivo, com poltronas confortáveis e janelas de visão panorâmica, além de aberturas com vidros no teto, para que o visitante aprecie a paisagem. Os vagões dispõem de ar condicionado e o serviço de bordo oferece refrigerante e salgadinhos - já inclusos na tarifa. Bebidas alcóolicas são cobradas a parte.
Na volta embarquei em um super executivo, onde foi servido jantar durante um número de humor. Em seguida ainda foram apresentados produtos comercializados pela empresa - roupas, lembranças e acessórios - em um desfile de moda, digamos, improvisado. Tudo em sintonia com um ótimo serviço de som nos vagões e uma linda visão do Vale Sagrado Inca, que é o trajeto do trem. 
Águas muy calientes!
Se o trem conta com um ótimo serviço, a cidade onde ele para também merece destaque. Em Águas Calientes só se chega de trem ou a pé. Não há estrada pelo Vale Sagrado. Ela é o ponto de passagem obrigatório para quem vai para a cidade de Machu Picchu. O nome Águas Calientes foi dado devido a existência de fontes termais no município. 
A rotina dos turistas é dormir em Águas e, no dia seguinte, partir de ônibus para a cidade Inca. Muita atenção aqui: o serviço de ônibus é pago em dólar e para facilitar, deve ser comprado logo que se chega na cidade. A informação ao visitante é, que logo ao sair da estação procure o guichê do serviço de ônibus, que fica próximo, e logo depois procure o prédio da Prefeitura de Águas Calientes, onde são vendidas as entradas para Machu Picchu.
A estadia em Águas Calientes serve para uma visita ao 'camelódromo', um chopp ou um 'Pisco Sour' (bebida local) nos restaurantes do centro (que, em sua maioria, são muito bons e com preços razoáveis) e uma descansada nos hotéis ou albergues. A partida para Machu Picchu é feita no dia seguinte, às 6h da manhã. E prepare-se: a fila, repleta de estrangeiros, é enorme! A ordem é de quem chegar primeiro.
Enfim Machu Picchu!
Machu Picchu foi construída pelo imperador inca Pachacútec no século XV e tornou-se um ícone do turismo mundial com mais de 700.000 visitas por ano e trouxe o desafio de conservação de suas construções. Machu Picchu foi colocada, em votação realizada em 2008, como uma das 7 maravilhas da era moderna. A capital sagrada dos Incas foi declarada Patrimônio Cultural da Humanidade em 1983 pela Unesco, que vigia sua manutenção. 
Machu Picchu tem mais de 500 anos de idade, mas o que se comemora não é a data de construção, mas sim a data de redescoberta da cidade Inca. O nome Machu Picchu significa 'Pico Velho', e está situada a 2.500 metros acima do nível do mar. 
Foi em 1911 que Hiran Binghan, um pesquisador americano, localizou as ruínas incas. No século 19 já havia informação sobre a existência de uma cidade perdida e muitos viajantes relataram já ter passado por ruínas no caminho para Cusco. O pesquisador, no entanto, foi o primeiro a relatar oficialmente a localização de Machu Picchu, assumindo então a fama por sua descoberta. 
Uma observação simples de Machu Picchu já permite ao visitante distinguir que sua organização era baseada em um setor urbano - onde existe um descampado, seria uma espécie de centro - um setor industrial - onde existem muitas pedras que aparentemente seriam usadas na expansão da cidade - um setor agrícola e um setor administrativo, onde provavelmente vivia a nobreza Inca.
É possível observar os locais de moradia, os depósitos de alimentos e os locais de descanso. Tudo segue preservado, mesmo com milhares de turistas pisoteando todos os dias o local. 
O ponto mais alto da cidade é o monte Huayna Picchu. Ele é totalmente explorável, possui uma trilha de subida de 200 metros. Uma atenção aqui para o visitante: a cada 3 horas o parque libera 200 visitantes para o Huayna Picchu. Então, se o Huayna for o objetivo do turista, é importante que este se dirija à sua entrada, logo que chegar na cidade (o Huayna é disputadíssimo!).
A caminhada ao Huayna Picchu é cansativa, mas vale muito. Do seu alto é possível avistar a cidade de Machu Picchu e boa parte do Vale Sagrado. No alto do monte existe uma construção que parece não ter sido terminada. Segundo os guias locais, seria um templo.
A visita completa ao monte e à cidade Inca pode ser feita em cerca de 7 horas. Importante observar que é proibido o consumo de alimentos que não sejam comercializados no local. Aí é que está o problema. Há apenas um restaurante, administrado pelo parque, que cobra US$ 10 um copo de suco de laranja. Boa parte dos visitantes leva barras de cereais e sanduíches na bolsa, mas o consumo é feito longe da vista dos guardas do parque. 
Como patrimônio histórico Machu Picchu apresenta seus prós e contras. O pró fica pela sua conservação e limpeza.
Os contras? Devido a grande presença de turistas, já se fala que a cidade pode desaparecer em poucos anos, pois não teria estrutura para aguentar tal tráfego de pessoas. A boa notícia para isso é que a empresa que administra a cidade pratica um grande trabalho de manutenção das ruínas e nos gramados já é possível observar obras contra a erosão. Outro contra, os preços praticados no local. É impossível não dizer que Machu Picchu é um território americano. A concessão do parque foi dada pelo governo a uma empresa estrangeira que apenas repassa parte do valor dos ingressos ao povo peruano. 
VNews – Renato Ferezin - 31/07/2011

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