27/11/2012 - O
Estado de S.Paulo
A empresa onde o
ex-presidente do Metrô Sérgio Avelleda foi trabalhar, após deixar o governo do
Estado há sete meses, está cotada para assumir um dos mais ambiciosos projetos
da administração paulista: a retomada dos trens regionais ligando a capital às
principais cidades do interior.
Conforme
adiantou anteontem a coluna Direto da Fonte, a empresa Estação da Luz
Participações (EDLP) apresentou uma Manifestação da Iniciativa Privada (MIP) ao
governo estadual para construir 432 quilômetros de trilhos, em um projeto de R$
20 bilhões custeado por meio de Parceria Público-Privada (PPP). O Estado teria
de arcar com cerca de R$ 6 bilhões de custos. Os R$ 14 bilhões restantes seriam
investidos pela EDLP, em parceria com o banco BTG Pactual Gestora de Recursos.
Avelleda deixou
o Metrô em abril deste ano. Em novembro do ano passado, ele chegou a ser
afastado do posto pela Justiça, a pedido do Ministério Público Estadual (MPE),
por causa de suspeitas de fraude na licitação das obras de expansão da Linha
5-Lilás, que vai ligar a região de Santo Amaro à Chácara Klabin, na zona sul da
capital. Para o MPE, a licitação teve o resultado combinado previamente pelas
empresas participantes.
Embora os
contratos tenham sido assinados antes de Avelleda assumir a presidência do
Metrô, o MPE justificou o pedido de afastamento com base no fato de o
ex-dirigente ter dado prosseguimento aos contratos. Ele conseguiu reverter a
decisão no mesmo mês.
A explicação do
governo para sua saída definitiva, neste ano, foi um pedido de demissão - a
informação foi de que Avelleda recebeu e aceitou convite para presidir a EDLP.
Atualmente, ele exerce a função de consultor na empresa.
O governo
determinou no começo deste ano que o planejamento do projeto dos trens
regionais seria da Companhia Paulista dos Trens Metropolitanos (CPTM) - empresa
que Avelleda também presidiu, entre 2008 e 2010. Não há lei que determine
quarentena para ex-funcionários do Estado nem que impeça a parceria entre a
EDLP, o BTG e o governo estadual.
Parceria. A MIP apresentada pela EDLP ainda precisa ser analisada pela Comissão
das Parcerias Público-Privadas do governo, chefiada pelo vice-governador
Guilherme Afif Domingos (PSD). Caso a MIP seja aprovada, o Estado deverá
estabelecer prazos para que outros grupos empresariais interessados nesse
projeto também apresentem propostas próprias, que deverão ser analisadas antes
da assinatura de qualquer contrato.
O projeto da
EDLP é mais amplo do que o Estado vinha divulgando. Enquanto os planos do
governo eram de fazer ligações de São Paulo para Jundiaí, Sorocaba e Santos -
este passando pelo ABC -, a EDLP incluiu também ligação para Campinas, São José
dos Campos e Taubaté ou Votuporanga. Os trens expressos terão velocidade de 160
km/h e paradas apenas nas cidades de destino final.
A Secretaria de
Estado dos Transportes Metropolitanos tem afirmado que esses trens são
necessários para desafogar as rodovias do Estado, que já estão saturadas por
causa do excesso de veículos. A expectativa é de que 63% dos paulistas sejam
beneficiados pelo projeto de expansão dos trens regionais.
A reportagem
procurou ontem a EDLP e o vice-governador para comentarem a proposta de PPP,
mas seus assessores de imprensa informaram que não havia ninguém ontem para tratar
do assunto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário